há pensamentos para tudo e todos

É depois de cozinhar, de saborear o meu almoço com este sol maravilhoso que está lá fora, e antes de me atirar de cabeça ao trabalho outravez, que penso pela milionésima vez esta semana na minha vida.
Penso demais, já sei.
Em vez de pensar que estou "de férias" e que posso ter uns momentos para descansar a cabeça e aproveitar os "barulhos naturais" que rodeiam a minha casa, estou enfiada nos livros e na net a investigar e a pesquisar todo o tipo de informação que preciso para a minha tese.
"És maluca é o que é! Até estou doente só de ler isto!" devem pensar vocês. Mas a verdade é que é a ocupar a cabeça com trabalho que não penso no resto, além de que se agora parar depois perco o ritmo de trabalho. Mas fiquem descansados, não estou a matar-me a trabalhar, apenas vou fazendo o que posso aqui em casa para depois, quando voltar para Lisboa, entrar em força

Mas mesmo assim...penso demais. Penso no que passou, no que se passa e no que se calhar se pode vir a passar. Penso nas pessoas, penso nos gestos, nos sentimentos, nas alegrias e nas tristezas. Penso nos amigos, na família. Não durmo a pensar nisto tudo, porque a minha cabeça infelizmente não se desliga. Tenho inveja do meu pai, ele adormece mal chega ao sofá e eu vejo-me grega cada vez que quero dormir até as 10 horas da manhã.

"Mas porque é que ela pensa tanto?" perguntam vocês. E eu digo que nem eu sei bem. Tenho fases da minha vida que penso em tudo e me questiono se tudo o que fiz até agora foi bem feito, se estou no caminho certo, se estou a incluir ou a excluir as pessoas certas do meu caminho. Se estou a ser uma boa pessoa, e sobretudo, se irei ser...
Nestes últimos anos da minha vida, que todos os meus projectos futuros estão na corda bamba, não porque desisti deles, mas porque tentei alcançá-los e por alguma razão não consegui. Tanto a nível escolar como pessoal. Falhei em algo só pode. Mas depois também penso, não posso ser só eu que estou mal e sou esquisita, de certeza que algo se passa do outro lado também.
Penso que, talvez por já ser mais velha e ter outras responsabilidades, tudo o que estava para trás perdeu-se, aqueles amigos, aquelas saídas, aqueles jantares, aquelas maluquices todas. Já nada é como antes, mas se fosse se calhar também seria sinal que nunca ia sair da adolescência. Mas depois também penso, onde andam esses amigos? Está tudo afastado, por uma razão ou por outra. E agora a quem é que vou confiar os meus segredos? em que ombro é que vou chorar quando precisar? a quem vou pedir aqueles favores que só os amigos nos fazem?
E quando pensamos que ainda temos alguns desses amigos, de repente apanhamos uma desilusão com eles porque fizeram alguma coisa, e aí eu volto a pensar e a questionar-me, e agora em quem é que confio? Como é que é possível que me tenha feito isto, quando eu não era capaz de o fazer? Será que o problema é meu também, ou eu estou a agir bem? Será que vale a pena voltar a confiar nessa pessoa? a voltar a colocá-la na minha vida, ou é melhor excluí-la?

São muitas perguntas e poucas respostas, são muitos pensamentos na minha cabeça às voltas. A quererem estar acordados até obterem uma resposta, e a quererem deixar-me a mim acordada. Dói-me a cabeça de pensar, e sobretudo de pensar que cada vez tenho menos a certeza dos meus planos, das pessoas que me rodeiam...

Deixo-me estar em casa, porque sei que é o sítio mais seguro onde posso estar. Apesar dos pensamentos todos que tenho, por vezes consigo fazer algo que me distrai deles.
Hoje fiz este almoço singular e vegetariano e depois fui apanhar laranjas e tangerinas ao pequeno quintal que tenho.
Fui feliz e leve por uns momentos, espero que essas sensações voltem depressa.

Este blog cada vez é mais o misto da culinária com o desabafar, mas no fundo todos precisamos de deitar o que nos inquieta para fora de nós, e eu não sou excepção.

Deixo-vos hoje com uns legumes grelhados, acompanhados com uma salada de tomate, uma sopinha de legumes e uma laranja do meu quintal.

Espero que todos possam esquecer os vossos pensamentos e as vossas questões inquietantes por uns momentos, e que consigam ser felizes e leves. Porque no fundo é o que nós merecemos.


Tenho a dizer que já acabei de ler o livro do José Rodrigues dos Santos e mais uma vez recomendo porque é mesmo muito bom e lê-se muito bem. Agora comecei a ler A lição de tango, de Sveva Modignani, que também é uma escritora fabulosa e conseguimos identificar-nos sempre com toda a atmosfera e personagens que os livros têm.
Para o ouvido aconselho hoje a música Eu sei de Sara Tavares. Só a comecei a ouvir agora, mas tem algo que me cativa muito.

Para uma boa sessão de cinema, aconselho o filme Para a minha irmã. É uma história lindíssima e muito profunda, de onde devemos tirar uma lição de vida.

Beijinhos

Catarina







Legumes grelhados com salada de tomate


ingredientes
1 courgette cortada em palitos ou rodelas não muito grossas
1/2 beringela também cortada em palitos ou rodelas não muito grossas
cebola às rodelas
1 limão
sal
azeite
vinagre
alho
oregãos

tomate
cebola
sal
azeite
vinagre


Lava-se muito bem a courgette, a beringela e a cebola, corta-se tudo para uma taça e tempera-se com sal e limão. Deixa-se marinar durante uma hora e depois escorrer.
Colocam-se os legumes sobre o grelhador bem quente e vão-se virando quando começarem a ficar grelhados.
À parte, numa taça, junta-se o azeite, um pouco de vinagre, os oregãos e o alho e mistura-se bem. Reserva-se.
Depois dos legumes grelhados, colocam-se na taça onde está o azeite e mexe-se muito bem para ganhar mais sabor.
Faz-se a salada de tomate e serve-se tudo junto.